Você já parou para pensar sobre a relação entre suas emoções e seus processos de mudança? Você sabe gerenciar suas emoções em seus processos pessoais e profissionais?


Mundo antigo ou novo a única certeza é que, em ambos, um processo de mudança sempre se encontra presente. Toda pessoa sabe o que significado do contínuo impacto referente a vulnerabilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade em suas atividades e resultados profissionais e pessoais. E, devido à esta situação, os processos de mudança estão sempre presentes a fim de adequar os propósitos individuais aos cenários que se apresentam. 

Porém, também é sabido por das pessoas, o quão difícil é conduzir ou participar das mudanças traçadas e necessárias. Pois, para que estas ocorram, elas precisam acontecer simultaneamente em si e com as pessoas sob seu relacionamento. As propostas de soluções para que o processo ocorra de forma mais equilibrada, podem ser encontradas no que nomeamos “espaço de vivência no nível inferior do iceberg”. Esta área contém um conjunto de informações, mais facilmente descritas como emoções e sentimentos, que interferem na forma e na motivação para vivenciarmos as mudanças pactuadas. Elas são responsáveis por criar um vale ou uma importante conexão entre o que queremos fazer e o que somos capazes de concretizar.

Este conjunto de informações, na presença do compromisso de mudança, cria um conjunto de realidades que construímos com base em nossas crenças, valores e experiências. Dependendo de como criamos esta realidade a nossa energia interna poderá resultar em motivação ou negação para a mudança. A visão positiva ou negativa sobre o “novo”, depende do grau de incertezas que acabo lendo sobre o cenário e, com isso, se estabelece uma perda em nosso poder e controle da situação. Para o nosso sistema humano, muito bem projetado, isto mostra um posição de perigo e, naturalmente, eleva o nosso grau de ansiedade. Em suma, temos um sistema de gerenciamento de ansiedade muito efetivo, que para os Professores Rober Kegan e Lisa Lahey, significa que todos nós possuímos, de forma natural, uma imunidade às mudanças.

Portanto, podemos considerar como estado normal quando em presença de uma mudança, a construção da realidade desta situação pode acionar, automaticamente, o nosso sistema de proteção a riscos e, com isso, nos tornar imunes à esta proposta de mudança. Assim o segredo encontra-se em dois pontos principais. O primeiro, ter a ciência de que por sermos humanos, somos imunes às mudanças e que o sistema de gestão da ansiedade sempre estará em operação. E, segundo, temos como trabalhar esta realidade construída, pois não é a mudança que promove o risco e sim a forma como visualizamos e, principalmente, sentimos este risco construído. 

Portanto, como sempre dito, pouca interferência temos nos impactos das transformações causadas em nosso mundo, mas temos a capacidade de adaptarmos nossas percepções a estes impactos, promovendo mudanças efetiva, equilibrada e perene. A chave está em como percebemos nossas emoções (fonte de energia), e trabalhamos para que tenhamos sucesso em nossos processos de adaptação, calibrando a nossa imunidade. Assim, com base na proposta do modelo de “Transition”, figura abaixo, de William Bridges, o reconhecimento e gerenciamento das minha emoções, a partir de nosso propósito, poderá nos levar a assumir três diferentes posturas que interferirá no sucesso de nossa mudança. 

A primeira, ao observar e me identificar com o posicionamento, poderei negar a realidade e vivenciar uma elevada carga de ansiedade e resultado em um estado de vitimização. Na segunda, poderei assumir um grau moderado de apreensão e procurar métodos de relaxamento que podem aliviar a carga de stress presente, deixando sensação de neutralidade (esperar para ver). E uma terceira onde confrontarei minhas crenças e os valores, de forma desafiadora, para colocar um novo olhar sobre a relação riscos, medos, apreensões e realidade dos fatos e dados, explorando por meio de questionamentos, a relações entre causas e consequências. Este último, apesar de desgastante e cansativo, é o de maior resolução pela capacidade de construir uma energia emocional positiva a partir da racionalização dos sentimentos.

Se ainda não tentou, explore a coragem e faça o teste da próxima vez substituindo o estado de vitimização e/ou neutralidade (deixando o processo te levar), para um processo construtivo de “conversar” com seus  sentimentos, analisando pros e contras de forma racional, restituindo seu poder e controle. Com certeza você verá a diferença.

Boas reflexões.


Regis M Lucci 

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