Transformação organizacional: como quebrar a resistência?
No primeiro texto da série sobre resistência às mudanças, abordamos os obstáculos aos processos de transformação cultural das organizações do ponto de vista do indivíduo, utilizando o conceito de inconsciente humano difundido por Freud no final do século XIX.
Desta vez, ilustraremos a complexidade destas transformações através da análise das motivações humanas segundo a Teoria das Necessidades Humanas (ou Teoria da Motivação), desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Abraham Maslow na década de 1950, conhecida popularmente como Pirâmide de Maslow. Segundo Maslow, os seres humanos buscam satisfazer suas necessidades de acordo com uma hierarquia pré-determinada, começando pelas necessidades mais urgentes e avançando para os níveis seguintes apenas quando as anteriores se encontram razoavelmente satisfeitas.
Neste modelo, as necessidades fisiológicas são apresentadas como base da pirâmide, dando sustentação para que o indivíduo possa atender as demais necessidades. Desta forma, representam as necessidades mais urgentes para a sobrevivência (são inevitáveis, embora postergáveis por determinado período, como comer, beber, dormir, etc.), e precedem as necessidades de segurança, sociais, estima e autorrealização.
Consequentemente, uma vez que as necessidades fisiológicas estejam razoavelmente satisfeitas, é natural que o ser humano passe para o próximo nível, buscando por segurança. Deste modo, ele é naturalmente impelido a buscar a manutenção de seu status quo, de forma que permaneça em um contexto onde conheça as variáveis e saiba como se comportar sem correr riscos. Assim sendo, é possível admitir que quanto mais exposto a situações inéditas, mais incomodado e reativo é o comportamento do indivíduo, que busca automaticamente se manter em seu local de segurança.
Portanto, assim como o conceito do inconsciente de Freud, a Teoria das Necessidades Humanas de Maslow reforça o entendimento sobre a dificuldade das organizações mobilizarem seus colaboradores para as mudanças necessárias neste ambiente de negócios altamente caótico (VUCA), e a importância de oferecer suporte a estes indivíduos em seus anseios e inquietudes, integrando o propósito da empresa ao dos indivíduos, para que o processo de transformação organizacional transcorra de forma harmoniosa e eficaz.
Renato Flora
Linea Consulting